segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Uso prolongado dos alucinógenos


Embora o frequente uso de alucinógenos possa induzir a mudança químicas que afetam o estado mental, isso não causa qualquer alteração anatômica irreversível no cérebro. Como qualquer droga, o uso e abuso de alucinógenos deve ser avaliado como resultado de efeitos psicológicos, biológicos e sociais. O abuso, a longo prazo, parece estar relacionado ás mudanças de comportamento mas não há desenvolvimento de dependência psicológica ou de síndrome de abstinência. Raramente podem ocorrer episódios psicológicos seguidos da ingestão de altas doses de alucinógenos em pessoas susceptíveis.

Tratamento das intoxicações agudas

As manifestações clínicas que requerem intervenção médica são hiperxcitabilidade, descontrole, ataxia, hipertensão ou hipotensão, convulsões, coma, e estados psicóticos prolongados. O tratamento consiste em administrar diazepam 0,1mg/kg oral, para controle da excitabilidade ou das convulsões. Em casos de coma, deve-se manter as vias respiratórias adequadas, efetua-se a intubação do paciente, eliminam-se as secreções mucosas da traquéia mediante aspiração. Deve-se provocar diurese ácida a fim de facilitar a eliminação através da urina.

Cogumelos alucinógenos


Os efeitos alucinógenos são produzidos por dois alcalóides chamados Psilocina e Psilocibina (4-fosforiloxi-N,N-dimetiltriptamina). Estas substâncias têm estruturas químicas semelhantes á triptamina e portanto, são substâncias de efeitos psicomiéticos devido a atuação sobre neurotransmissão serotoninérgica. Podem ser produzidas sinteticamente e sua dose efetiva no homem é de 6 a 12mg.

Os fungos alucinógenos mais conhecidos: Amanita muscaria, Botelus manicus, Conocybe siligineoides, Copelandia cyanopus, heimiella angrieformis, Psilocybe caerulescens, Psilocybe semilancelata.

A intoxicação com psilocibina pode ser confundida com pânico, ansiedade ou euforia em pessoas midríase e outros sintomas simpatomiméticos.

Plantas alucinógenas-PEYOTE e NOZ MOSCADA


  • PEYOTE
Também conhecida como mescla, o cacto Lophophora williamsii, é encontrado desde o sudeste dos Estados unidos até a região central do México. O Peyote é usado em rituais religiosos, principalmente devido aos seus efeitos alucinógenos, onde as alucinações são geralmentes visuais, produzidas pela presença de 3,4,5-trimetoxifenetilamina ou mescalia. O cacto pode ser ingerido crú, seco, em pasta ou em infusão.

Em relação a farmacocinética, é rapidamente absorvido, concentrações atingem o cérebro de 30-90 min, e os efeitos de uma dose simples persiste por 10 horas.

Estas alucinações são caracterizadas por cores e desenhos realçados, sinestesia e percepção de espaço distorcida. A mescalina estimula a sistema vernovo autônomo, podendo causar efeitos como naúseas, vômitos, transpiração, taquicardia, midríase, ansiedade e despersonalização.


  • NOZ MOOSCADA
A noz moscada, semente seca da Myristica fragrans é uma especiaria muito utilizada em culinárias e várias aplicações médicas, foram descritas como medicamentos para enfermidades do aparelho digestivo, rins, dores e até como afrodisíaco. A ingestão de grandes quantidades (2 colheres de chá) induz euforia, alucinações visuais, reações psicóticas agudas, despersonalização (após 2 a 5 horas). Provocam vômitos, náuseas, tremores, dores no corpo, convulsões. Não há problemas em seu uso na culinária – pequenas quantidades.


Plantas alucinógenas-AYAHUASCA




"Chá de santo daime"


Esta planta é usada em rituais indígenas nas quais é produzida uma bebida alucinógena que, quando ingerida, segundo seus usuários libera a alma de seu confinamento corporal. O chá é feito de uma preparação de Banisteriopsis e Psycotria viridis, que possuem substâncias alucinógenas.
Mecanismo de ação:
DMT: estruturalmente semelhante à serotonina. Ação agonista serotoninérgica produz uma série de alterações cognitivas, sensoriais e emocionais. Ocorre sinergismo: a DMT seria oxidada pela MAO periférica, a qual está inibida pelas beta-carbolinas, acarretando aumento de sua absorção. Isso causa sensação de bem-estar ao indivíduo, impulso sexual e alucinações (visualização de animais, comunicação com divindades ou demônios e vôos para lugares
distantes).

Os efeitos iniciais são caracterizados por vertigem, náuseas e euforia.
Uso religioso da ayahuasca:
•Homens e mulheres (13 a 90 anos)
A avaliação psicológica de usuários de longo prazo não encontrou evidências de prejuízos nas atividades mentais. Funções cognitivas, fluência verbal, habilidade matemática, motivação, bem-estar emocional e personalidade foram alguns dos parâmetros avaliados no estudo.
O fenômeno de tolerância pode ser observado após seu uso regular, porém não tem sido constatado potencial de causar dependência. Ao contrário, a ayahuasca tem sido sugerida como adjunto no tratamento da dependência ao álcool e outras drogas de abuso .

Medicamentos anticolinérgicos

Os anticolinérgicos de ação central, também conhecidos como alucinógenos secundários, estão listados na tabela de classificação de substâncias psicoativas, consideradas como antagonistas de fibras nervosas parassimpáticas, provocam sensação de bem estar, euforia, interação social aumentada, agitação, ansiedade, alucinações visuais. Em doses muito elevadas podem ocorrer parada respiratória, coma e morte.

  • Ciclopentolato

Inibe o sistema nervoso parassimpático, atua sobre o sistema nervoso central produzindo sedação, tranquilidade, amnésia, confusão mental, obnubilação e alucinações.

  • Triexafenidil

Utilizado como medicamento na síndrome de Parkinson, tem sido utilizado como droga de abuso, devido aos seus efeitos colaterais do tipo tonturas, alterações visuais, agitação e confusão mental.



Anfetaminas alucinógenas


  • Dimetoxianfetamina (DOM: 2,5-dimetoxi-4-metilanfetamina)

Como alucinógenos é 100 vezes mais potente que a mescalinae cerca de 30 vezes menos potente que o LSD. Os primeiros efeitos surgem após cerca de 90 minutos e se intensificam gradativamente, quando, após 3 a 4 horas tomam-se máximos. Doses de 10 a 20mg via oral perduram por 16 a 24 horas. Os sintomas se caracterizam por náuseas, vômitos, sudorese, tremores, midríase, hipertensão arterial, taquicardia e hipertermia, imagens múltiplas, vibrantes e distorcidas. Muitas vezes ocorre uma "bad trip".


  • Metilenodioximetanfetamina (MDMA, êxtase)

O ecstase ou "êxtase" (MMDA), é uma das novas drogas sintéticas que trata-se de um produto químico portador do 4-metileno-di-óxi-anfetamina, que se associa os efeitos das anfetaminas e do LSD. Foi inicialmente desenvolvido há cerca de 70 anos como um inibidor de apetite, sendo abandonado por seus efeitos colaterais. É um alucinógeno de curto efeito alucinógeno, de mais curto ainda efeito estimulante, e produtor de freqüentes sintomas negativos a longo prazo, como depressão, apatia, desânimo, desinteresse.

Cicloexilpiperidina ( Fenciclidina; PCP)


O PCP ou Fenciclidina tem nomes de rua como angel dust, pó de anjo, krystal ou peace pill. Tem uma ação alucinogénea e apresenta-se sob a forma de pó branco cristalino com sabor amargo, cápsulas ou líquido amarelado. Pode ser fumado, inalado, ingerido ou injectado.
Provoca anestesia dissociativa, isto é, deprime os centros nervosos responsáveis pela dor e impede que a percepção corporal chegue às funções cerebrais. É um anestésico geral, no entanto, o seu uso terapêutico foi abandonado.

O PCP ou fenciclidina foi sintetizado pelos laboratórios Parke & Davis em 1959, sendo depois comercializado como agente anestésico para uso humano e veterinário. O seu uso em humanos foi interrompido em 1965 devido aos seus efeitos secundários. O PCP apareceu como droga de rua nos anos 70, no entanto nunca foi muito popular na Europa.
Os seus efeitos duram entre 2 e 48 horas e podem traduzir-se por dissociação psicofísica, distorção das mensagens sensoriais, desinibição, sensação de flutuar no espaço, desaparecimento de dores, alucinações, agitação, euforia, sensação de força, poder e invulnerabilidade. A nível físico, pode ocorrer descoordenação muscular, taquicardia, depressão cardiovascular e respiratória.
Doses elevadas podem provocar náuseas, vômito, visão turva, movimentos oculares involuntários, perda de equilíbrio, convulsões, perda de peso, alterações neurológicas e cardiovasculares perigosas, coma, depressão cardiovascular e respiratória ou morte.

O Consumo prolongado poderá originar depressão crónica, estupor, psicose, dificuldades de linguagem, lapsos de memória ou desordens psicomotoras.
Ganhou a reputação de droga perigosa devido aos episódios de comportamentos violentos e agressivos associados ao consumo. Quando os sujeitos estão sob o efeito da fenciclidina sentem-se mais fortes e têm alguns limites a nível de contenção.
Tolerância e Dependência
Provoca tolerância e dependência psicológica; não existem registos de dependência física.

LSD

O LSD é uma droga sintética, obtida em laboratório. A sigla é a abreviatura do alemão Lysergische Säure Diethilamine, ou dietilamina do ácido lisérgico, em Português. Inicialmente, foi chamado LSD-25, e às vezes ainda é chamado assim. Seu nome "de rua" mais conhecido é, simplesmente, "ácido". O primeiro a provar os efeitos mentais do LSD, em 1943, foi o seu descobridor, o químico suíço Albert Hoffmann, ao ingerir acidentalmente uma pequena quantidade da substância. Como Hoffmann estava interessado em obter derivados dos alcalóides do Ergot ou esporão do centeio, um fungo parasita dos grãos de centeio e trigo, descreveu o ocorrido e se ocupou da ergotamina, ainda um veneno mas menos perigosa. Alguns estudiosos ao lerem a descrição vívida de Hoffmann se animaram com a possibilidade de contar com uma droga que provocasse psicose para pesquisa, sendo que o LSD ainda é uma droga usada para provocar artificialmente psicoses em animais. No entanto, outras pessoas com fins menos nobres anteviram as possibilidades do LSD, e ele foi quase que imediatamente lançado como droga de abuso.
O LSD, dietilamina do ácido lisérgico, tornou-se o protótipo de drogas alucinógenas devido à extensão de seu uso, porque ele representa uma família de drogas que são semelhantes e por ter sido exaustivamente estudado. O grupo de drogas do tipo LSD inclui, o LSD ( derivado do ácido lisérgico), mescalina (fenilalquilamina), psilocibina (indolalquilamina) e compostos a eles relacionados. Embora sejam diferentes do ponto de vista químico, estas drogas compartilham de algumas características químicas e de um número maior de características farmacológicas.
Na década de 60-70 o LSD se popularizou, sendo passado de Fármaco da contracultura dos movimentos hippies.
O mecanismo da ação alucinogênica do LSD e análogos, envolve 3 fases: (1) antagonista da serotonina; (2) redução na atividade do sistema rafe; (3) agonista do receptor de serotonina pós-sináptico. Atua em múltiplos locais no SNC, desde o córtex e tálamo cerebral, onde atuaria em receptores serotoninérgicos do tipo 5-HT2 São características as alterações sensoriais, cuja intensidade depende da dose utilizada, indo de simples aberrações da percepção de cor e forma dos objetos até a degradação da personalidade. As características das alucinações variam de indivíduo para outro, presumivelmente de acordo com sua personalidade e com os tipos de interesse que desenvolve. As alucinações podem ser visual, auditiva, tátil, olfativa, gustativa ou percepção anestésica na ausência de um estímulo externo. Há distorção do espaço, e os objetos visualizados agigantam-se ou se reduzem, inclusive partes do próprio corpo. Pode ocorrer o fenômeno da despersonalização, com a sensação de que o corpo ou uma de suas partes estão desligados. Altera-se a sensação subjetiva de tempo, e minutos podem parecer horas. Nas fases de alucinações mais intensas podem ocorrer ansiedade, desorientação e pânico. Muitos apresentam depressão grave com tentativa de suicídio. Foram descritos inúmeros casos de psicoses duradoura (dias ou meses) ou mesmo permanente, após o uso da droga, e o reaparecimento espontâneo de alucinações, ansiedade e distorção da realidade.

“Flashbacks”
Recorrências fragmentares (episódios de curta duração) e efeitos alucinógenos (distorções visuais, intensificação de uma cor percebida, aparente movimento de um objeto fixo) que ocorre quando o indivíduo fez uso de alucinógenos no passado.

“Bad trip”
Terminologia usada por usuários para designar efeitos adversos do uso de alucinógenos(sentimento de perda de controle, distorções da imagem do corpo, alucinações bizarras e aterrorizantes, medo da morte, desespero, pânico, tendência suicida). Alguns sintomas físicos também podem ser incluídos como suor, palpitação, náuseas, parestesia.
Padrão de uso
• Geralmente oral/ administração sublingual;
• Doses 25-50μg, mas podem chegar a 300μg;
• Potencial para induzir dependência é muito baixo.

Classificação química dos alucinógenos




Os alucinógenos podem ser classificados de acordo com sua estrutura química em dois grupos, um deles apresentando estrutura semelhante ao neurotransmissor 5-hidroxitriptamina e o outro á noradrenalina. A comparação entre as estruturas dos alucinógenos e dos neurotransmissores 5-HT ( 5-hidroxitriptamina ) e NA ( noradrenalina ), permite observar a grande semelhança entre eles.
O mecanismo de ação básico dos efeitos alucinógenos e/ou psicotrópicos destas substâncias, permanecem como uma incógnita há mais de 40 anos.

Conceito


Com o nome de drogas alucinógenas denomina-se um conjunto de substâncias naturais ou sintéticas capazes de atuar sobre o sistema nervoso de uma forma ainda não muito bem conhecida. A classificação mais consensualmente aceita para tal classe de substancias psicoativas foi proposta por Jean Delay que as classifica como Dislépticas (modificadoras) em oposição aos compostos moleculares ou moléculas cujo efeito pode ser considerado como Lépticos (estimulantes) e Analépticos (depressores). A utilização destas drogas com fins recreativos oferecem sérios riscos. Distorcem os sentidos e confundem o cérebro e afetam a concentração, os pensamentos e a comunicação. As drogas sintéticas, a exemplo do LSD, Anticolinérgicos e ecstasy Metilenodioximetanfetamina com um grau de pureza maior podem causar a confusão da noção de tempo e de espaço e causar psicoses. Observe-se porém que nem todas as drogas que causam alucinações são consideradas alucinógenos.
As drogas alucinógenas, são assim chamadas por um de seus possíveis e mais relatados efeitos que é a propriedade de causar alucinações (falsas percepções) e visões irreais ou oníricas aos seus utilizadores. Outros nomes propostos também estão associados a efeitos atribuídos e relatados tais como: Psicotomiméticos e Psicotogênicos por induzir efeitos semelhantes à psicose (mais especificamente as alucinoses e alucinações) ou as causar; Psicodélicos por sua propriedade de fazer aparecer ou revelar a psique oculta; Enteógeno pelo reconhecimento antropológico de que tal classe de substancias é freqüentemente utilizado nas mais diversas culturas em rituais religiosos.
No plano das interpretações psicológicas ou psicanalíticas situa-se entre os fenômenos de modificação das emoções e personalidade, superficialmente descritas como uma relação entre o ego e o mundo exterior/interior, análogo as interpretações que se dá ao satori zen–budista, efeitos da yoga ou transe das religiões de possessão africanas, gregas, indígenas entre outras.

Introdução aos alucinógenos


Na procura do auto conhecimento na tentativa de expandir a mente, ou de se aproximar de mistérios divinos, os alucinógenos são utilizados e exercem ação surpreendente, produzindo sensações e percepções experimentadas na ausência de eventos externos desencadeantes, privando o indivíduo da razão, do entendimento e da realidade. Essas sensações são na maioria das vezes, interpretadas como sinais divinos, respostas aos desejos mais íntimos dos indivíduos que fazem uso destes compostos ou mesmo "soluções e caminhos apontados pelos deuses", levando aos usuários a nova concepção de valores e até sobre o que é, ou não, realidade.

Primordialmente as plantas que produzem ação alucinógenas foram utilizadas com finalidade místicas, representando um papel importante em ritos religiosos de culturas primitivas. O alucinógeno permitia ao curandeiro comunicar-se com o mundo espiritual, realizar curas, fazer adivinhações, orientar a tribo nas estratégicas de guerra.

Na grande maioria das vezes, os alucinógenos utilizados são sintéticos, comercializados ilegalmente com o objetivo de produzir prazer individual e imediato ou destruição da realidade presente. Fornece uma nova visão do mundo imaginário, sem defesas, sem limitis e inteiramente irracional. Estabele a transgressão principalmente quando o usuário valoriza mais o imaginário do que o real. Muitas plantas são usadas ainda hoje por alguns povos indígenas, especialmente no continente americano, em sacramentos, curas mágicas e ritos divinatórios. Segundo estes povos as plantas contêm o "poder dos espíritos".

As drogas Alucinógenas ou psicodislépticos ou psicotomiméticos, apresentam a capacidade de produzir alucinações. São drogas que, mesmo em pequena quantidade, provocam alucinações (ver, ouvir, sentir coisas que não existem) e delírios (idéias falsas, absurdas até, que o indivíduo acredita serem reais).
Não estimulam ou deprimem o funcionamento do Sistema Nervoso Central, mas o perturbam. "Psicodisléptico" significa "que dificulta a função mental", e "psicotomimético", "que simula psicose" (o termo médico para os quadros de "loucura").